… resultou da encomenda de uma peça coreográfica com um conceito base: máscaras de guerra.
Tudo começa no espaço vazio de uma divisão: um ponto de luz, uma mancha branca de um tapete quadrangular e um piano ao canto. A dimensão dominante é a de uma realidade imaginária que está imbuída da fusão cândida entre a violência que advem de uma solidão forçada de duas personagens - Ela e Ele. Uma sirene rompe a gestualidade dos intérpretes, representação opressiva de um poder que procura controlar os habitantes de um mundo exterior que não aquele.
O conformismo e a anulação da identidade das duas personagens são a forma de luta contra a opressão que é adaptada a um contexto performativo associado a uma representação teatral.
Num exercício para aplacar o divino, cada uma das personagens interage de forma indirecta. Ela interpreta ao piano citações musicais inter-cortadas de um universo pessoal; ele metamorfoseia-se numa personagem grotesca de um imaginário infantil, que é símbolo de inocência.
Neste trabalho, o gesto não é uma imagem, acaba por ser uma ferramenta, um instrumento. Não há só uma imagem no mundo, há muitos jogos gestuais. Diferentes formas de vida e formas de fazer coisas com gestos. Não está tudo junto. Os limites da gestualidade de cada personagem são os limites do seu próprio mundo, que estão sempre a ir contra as paredes do espaço vazio.
Em Clown Lírico em exercício de expiação as citações sonoras e as peças interpretadas ao piano pontuam e guiam com melancolia lírica uma estrutura gestual programada, unida entre si por um fio condutor que tende a reproduzir um tempo emocional e mnemónico, muito mais do que intelectual.
terça-feira, 19 de maio de 2009
red clown
Clown Lírico em Exercício de Expiação, dia 22 de Maio às 22h00
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