segunda-feira, 11 de junho de 2012

the cherry on my cake






                                                                   Luisa Sobral no IV Capítulo da Confraria da Cereja de Portugal





Luísa Sobral. Voz, guitarra, papel e caneta. E a partir daí todo um universo musical se gera para cada música composta. São 24 anos maduros de escolhas em aberto. Instintivos e sonhadores. «The Cherry on my Cake» é fruto de todas essas possibilidades. Músicas carregadas de imagens. Vídeos imaginados para cada compasso da música. É o primeiro disco assinado em nome próprio de uma viagem musical que começou logo aos 12 anos.

Foi com uma guitarra que iniciou a empatia com os instrumentos. Foi com a guitarra que percebeu de onde vinham os acordes das músicas dos pais. Dos Beatles e de outros. E foi com tenra idade que se entregou às canções únicas que o jazz eternizou. A capacidade da melodia viver por si só, sem necessitar de acompanhamento instrumental. Anotou nomes como Billie Holiday, Ella Fitzerald, Chet Baker, entre outros. E com eles partiu para a Berklee College of Music, em Boston (EUA), para se formar na área da música. Durante a estadia de 4 anos em Boston foi nomeada para «Best Jazz Song», no Malibu Music Awards (2008); «Best Jazz Artist» no Hollywood Music Awards ; «International Songwirting Competition» (2007) e ainda «The John Lennon Songwriting Competition» (2008). 

Mas mais do que nomeações ou cadeiras completas, Luísa descobriu-se a cada ano. A identidade musical viria a desenvolver-se em Nova Iorque, para onde foi viver após ter terminado o curso em Boston (2009). Na bagagem já levava muito do que viria a consumar em canções que gravitavam na sua cabeça. Na dela e na da mãe de Luísa, que lhe confessou um sonho que teve de que o primeiro disco de Luísa chamar-se-ia «The Cherry on My Cake». A magia materna a tornar sonho em realidade.

A aprendizagem dos standards jazz, a tarimba de actuação em bares com repertório de música brasileira e a criação viva a toda a hora foram filtradas para canções que tanto começavam no papel como em acordes. Sucessões deles. Melodias trabalhadas e com imagens dentro. «I Would Love To», «Don`t Let Me Down», «Why Should I», entre outras músicas que se juntaram a um EP («My Funny Clementine»). O destaque para tema de arranque era óbvio: «Not There Yet». Um compasso ternário, qual valsa jazzy, com cores, refrão imponente e violinos no céu.

A composição do disco não se encerrou na língua inglesa. Entre idas e vindas a Portugal, actuou no Super Bock em Stock de 2009. No decorrer do concerto lamenta não ter uma canção cantada em português. No momento em que regressa aos EUA desenha um poema e melodia para «O Engraxador». Segue-se «Xico e Dolores». Para o disco que se desenhava, havia ainda a vontade de uma versão. Ninguém melhor do que Rui Veloso. Artista que o pai ouve insistentemente. Luísa registou a letra de Carlos Tê e tentou uma versão diferente para «Saiu para a Rua».

«The Cherry on my Cake» é o resultado de tudo isso. De quem sonha em viver em Paris - inspiração total pelo cinema francês. Do frenesim de Nova Iorque. Do afecto familiar de Lisboa. De Regina Spektor a Elis Regina. De Billie Holiday a Bjork. Dos anos 50 à ingenuidade. Do som à imagem. Da voz e do talento. «Tenho uma vida boa», resume. 



luisa sobral

Sem comentários: